sábado, 20 de abril de 2013

vou fazer cena amor


Foram cinco minutos de desespero completo. Abrir os olhos, janelas abertas e luz solar queimando a retina, esticar os braços e não percebe-lá, primeiro ataque cardíaco de uma sequência incontável que viria a acontecer durante os cinco minutos mais longos da minha vida. O coração queimando enquanto eu procurava os óculos á qualquer custo. Óculos á postos, examinar o carpete cinza do quarto e não encontrar nenhuma peça de roupa dela, segundo ataque. Ainda no quarto, nenhum sinal do celular, do relógio, dos óculos. Tudo bem, terceiro ataque. Acompanhado de uma porção de lagrimas. Mesmo com a vista embaçada, o coração queimando, as pernas trêmulas, e a pergunta latente ecoando na cabeça ''mas a noite passada foi o que denominamos inesquecível, não foi ? então por qur ela, de novo, foi embora ?'' como uma luz no fim do túnel, um papelzinho cor de rosa-chiclete-calcinha em cima da penteadeira, o perfume assumindo papel de peso. Servindo de alivio imediato, o reconhecimento da caligrafia mais bonita do meu mundo, dizendo:

''Bom dia princesa! Espero que você não tenha a oportunidade de ler este bilhete, afinal pretendo voltar antes que você acorde, detestaria chegar atrasada para um dos meus espetáculos preferidos: te ver acordar. Afim de que você colecionasse mais uma motivo para me amar, fui comprar pão fresco, leite com chocolate batido e aquela torta de creme branco que você adora.''

Novamente dona de minhas sensações, o coração minutos antes atrofiado de tanta angustia agora era paz. Barulho de chave na porta. Numa encenação digna dos grandes atores shakesperianos, coloquei o bilhete exatamente como estava, me embrulhei na cama e "dormi", novamente, como se nunca tivesse acordado e sofrido a vida inteira em apenas cinco minutos de tua ausência.

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